segunda-feira, 17 de junho de 2013

Situação de Aprendizagem

Por: Lais Trivelatto



Texto: Meu primeiro beijo, de Antonio Barreto


Público alvo: 8º e 9º anos


Duração: 4 aulas.




                                    üObjetivos:

-Trabalhar as habilidades de leitura, envolvendo: o antes, o durante e o depois. 
-Analisar a estrutura do gênero textual.
- Possibilitar aos alunos o desenvolvimento da capacidade de leitura e o prazer pela mesma.

                     ü Situação de aprendizagem:

- Para a ativação dos conhecimentos prévios dos alunos o professor poderá fazer perguntas como: avaliando o título, vocês já ouviram falar sobre esse texto? Já deram o primeiro beijo? Que tipos de sentimentos o envolvem? É preciso estar apaixonado para beijar?
Levantamento de hipóteses:
A cada momento da leitura, o professor fará perguntas para instigar e contextualizar as informações contidas no texto.

                                       ü Finalidade da leitura:

Despertar o gosto pela leitura, enriquecimento vocabular, compreensão, interpretação e localização de informações contidas no texto (explícitas e implícitas).

                    ü Relações de interdiscursividade e de intertextualidade:

Percepção de outros gêneros textuais, como citações de textos científicos e bilhete, que poderão ser explorados após a leitura.

                                            ü  Apreciação estética e afetiva:



Permitir que o aluno expresse seus sentimentos, opiniões e valores sobre o tema abordado e que consiga colocá-los em prática no seu cotidiano.

   ü  Conclusão:

Após a troca de impressões sobre o texto trabalhado é sugerida a leitura, como intertextualidade de um novo texto que aborde o mesmo tema: O primeiro beijo, de Clarice Lispector. 

                                                                      ü REFERÊNCIAS:

BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do meu primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.http://pensador.uol.com.br/clarice_lispector_o_primeiro_beijo 


SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Por: Marcia Rosana Ramos da Silva

PAUSA                      

Moacyr Sclair


Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
            —Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
            —Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
            —Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
            —Por que não vens almoçar?
            —Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu:
            —Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
            —Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
            —Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
            — Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
            —Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
            — Já vai, seu Isidoro?
            —Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
            —Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
            —Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia.
            —O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.


SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Texto: Pausa
(Moacyr Scliar)

- Objetivos:
Desenvolver a capacidade de inferência, concentração, interação e o prazer em ler.
- Público Alvo: 9º ano

- Antes da Leitura
 ü Fragmentar o texto em parágrafos curtos.
ü Fazer a leitura em voz alta e levantar hipóteses.

1º parágrafo – Levantar o questionamento sobre:
                 Por que “rapidamente”?
                 Por que “de novo”?

- Durante a Leitura


  • Investigar com os alunos – Onde existe “cais”;
  •  Levar para sala de aula fotos de cais e arredores;
  • Conclusão do que se faz em um cais e se Samuel iria trabalhar ali;
  • Verificar com os alunos se até o certo momento do texto eles conseguiram entender qual era o motivo de Samuel estar naquele local, de forma escondida. (Essa conclusão deve partir dos alunos, bem como, a ideia que Samuel quis fugir da família)

- Depois da Leitura

       ü Abordar os seguintes temas:

Discurso direto e indireto;
Variedade linguística – 2ª pessoa do singular e conjugação verbal;
Figuras de linguagem;
Vocabulário;
Sentido conotativo e denotativo;
Elementos da narrativa;

            ü Por que o texto se chama Pausa?

Trabalhar a contextualização de forma a recuperar informações que foram produzidas com sutileza.
As imagens que foram levadas para a aula devem ser investigadas do ponto de vista de intertextualidade (um remete ao outro) e de interdiscurso (o texto e a imagem possuem a mesma temática).  Como sugestão, pode ser utilizado o texto de Stanislaw Ponte Preta.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM A PARTIR DA LEITURA DO TEXTO “MEU PRIMEIRO BEIJO”, DE ANTONIO BARRETO

Por: Gileusa Soares da Silva Carpanezi

1º Passo: O professor, antes da leitura faz perguntas que trabalhem, por meio da oralidade:

     A ativação de conhecimento de mundo;
     A antecipação ou predição;
     O levantamento de hipóteses.


Questões sugeridas:

1- Levando em consideração o título, do que você acha que irá tratar o texto?

2- Quais são os sentimentos  ou sensações que surgem no momento do primeiro beijo?

3- Você já passou por esta experiência?  Lembra o que sentiu no momento?

Obs.:  O professor também pode trabalhar com a tempestade de palavras  e anotar na lousa todos os sentimentos que os alunos forem relacionando ao momento do primeiro beijo:

2º Passo:  Leitura do texto

O professor pode ler com os alunos o texto fazendo paradas estratégicas para criar expectativa aos acontecimentos. Por exemplo, pode ler o primeiro parágrafo e perguntar aos alunos se já dá para saber se o narrador da história  é um garoto ou uma garota. Pode perguntar também como acham que foi o primeiro beijo das personagens.

Pode perguntar se, observando o bilhete que o Cultura Inútil escreveu e a fala dele, é possível descrevê-lo psicologicamente.


3º Passo:  Após a leitura o professor pode fazer algumas perguntas orais ou escritas para retomar o entendimento do texto lido, trabalhando:

        A LOCALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES  NO TEXTO;

        A COMPARAÇÃO DE INFORMAÇÕES;

        GENERALIZAÇÕES

 1 – Como pudemos observar o texto narrou a experiência do primeiro beijo entre um casal de adolescentes. Com base na leitura que você fez aponte:

a)Quem narra a história?

b-Quem são as personagens envolvidas?

c)Onde se passam os acontecimentos narrados?

d)Quando  aconteceu o primeiro beijo?


2- Para a protagonista, como foi a experiência do 1º beijo? Aponte trechos do texto que comprovem sua resposta.

3- Localize no texto em que momento podemos perceber, além do bilhete, que o “Culta” era apaixonado pela protagonista?

4 -  A narradora da história finaliza o texto com um pensamento sobre o que sentiu no seu primeiro beijo, que foi um momento muito marcante: “Mas foi inesquecível”.  Você já deve ter passado por outras experiências marcantes.  Seria capaz de citá-las Quais são?

4º Passo:  O professor pode trabalhar, por meio de questões escritas:

    A PRODUÇÃO DE INFERÊNCIAS LOCAIS E GLOBAIS;
 
1 -  No texto, alguns elementos nos permitem  afirmar que  as personagens são adolescentes. Que  elementos são estes?

2 –Atente-se para os apelidos “Cultura Inútil” e “Paracelso”, referentes ao garoto.  O que eles nos possibilitam deduzir sobre a personalidade deste personagem? Cite outras características que comprovem sua resposta. Ou  Pela fala do “Culta” é possível traçar o perfil dele? Que tipo de pessoa ele parece ser?

5º Passo: trabalhar a RECUPERAÇÃO DO CONTEXTO DE PRODUÇÃO.

1 – Na referência bibliográfica, ao final do texto, há informações importantes. Por meio delas, indique:

a)Quem é o autor do texto? Você já o conhecia? Já leu outro texto dele?

 b)Em que gênero podemos enquadrar o texto “Meu primeiro beijo”. Em que você se baseou para dar sua resposta?

Obs.: O professor pode apresentar o portador deste texto ao aluno: um livro e dizer ao aluno que o texto é, na verdade o capítulo de  um livro:

c) Considere o título do livro em que o texto foi publicado: “Balada do primeiro amor”. O que você acha que a narradora irá contar nos outros capítulos?  Que histórias você imagina que ela irá nos contar?

Obs: com esta questão o professor trabalhará com a expectativa de leitura  do livro.

6º Passo: INTERTEXTUALIDADE  e  INTERDISCURSIVIDADE.

O professor pode propor a leitura de duas músicas e de outros textos, em seguida, fazer alguns questionamentos a respeito do modismo “ficar”, trabalhando, assim a argumentação por meio da oralidade.

1- Em qual das duas músicas encontramos a mesma temática do texto “Meu primeiro beijo”?  Justifique sua resposta.

2 – Após a leitura dos textos, qual é a sua opinião sobre o campeonato de beijos, mencionado no texto “Geração Beijo na Boca”?

3 -  Você é a favor ou contra a “Ficação”?  Por quê?

4 – Segundo o texto “Descubra os riscos de sair beijando todo mundo durante folia”, o ato de beijar desta forma pode trazer consequências sérias.  Quais são elas?  Por quê?



Aquele beijo que te dei

Roberto Carlos

Aquele beijo que te dei
Nunca, nunca mais esquecerei
A noite linda de luar
Lua testemunha tão vulgar
Aquele beijo que te dei
Nunca, nunca mais esquecerei
A noite linda de luar
Lua testemunha tão vulgar

Lembro de você e fico triste
Até me dá vontade de chorar
De lembrar que o amor não mais existe
Não mais existe mas eu sempre hei de te amar

Lembro de você e fico triste
Até me dá vontade de chorar
De lembrar que o amor não mais existe
Não mais existe mas eu sempre hei de te amar

Aquele beijo
Nunca mais esquecerei
O beijo que te dei

Lembro de você e fico triste
Até me dá vontade de chorar
De lembrar que o amor não mais existe
Não mais existe mas eu sempre hei de te amar

Lembro de você e fico triste
Até me dá vontade de chorar
De lembrar que o amor não mais existe
Não mais existe mas eu sempre hei de te amar

Aquele beijo
Nunca mais esquecerei
O beijo que te dei

Nunca mais esquecerei
O beijo que te dei

Link: http://www.vagalume.com.br/roberto-carlos/aquele-beijo-que-te-dei-1965.html#ixzz2Pdq4LfB7


Beijar na boca

      Cláudia Leite    


 Eu estava numa vida de horror
Com a cabeça baixa sem ninguém me dá valor
Andava atrás (thururu) da minha paz (thururu)

Agora que mudou a situação
Choveu na minha horta vai sobrar na plantação
Deixei pra traz (thururu), pois tanto faz (thururu)

(Refrão)
Eu quero mais é beijar na boca
Eu quero mais é beijar na boca (eu quero mais)
Eu quero mais é beijar na boca
E ser feliz daqui pra frente... Pra sempre (2x)

Já me livrei daquela vida tão vulgar
Me vacinei de tudo que podia me pegar
Corri atrás (thururu)
Quem tenta faz (thururu)

Eu ando muito a fim de experimentar
Meter o pé na jaca sem ter que me preocupar
Eu quero mais mais mais mais...

(Refrão)
Eu quero mais é beijar na boca
Eu quero mais é beijar na boca (eu quero mais)
Eu quero mais é beijar na boca
e ser feliz daqui pra frente...pra sempre (2x)

Link: http://www.vagalume.com.br/claudia-leitte/beijar-na-boca.html#ixzz2PdqtNt

7º Passo:   O professor pode perguntar aos alunos se eles se lembram de filmes, quadros, fotos, livros em que a temática fosse a questão do primeiro beijo.

domingo, 16 de junho de 2013


Plano de aula

Por: Luciléia Ribeiro


Trabalho desenvolvido em grupo. Encontro presencial Melhor Gestão, Melhor Ensino.




Texto: Meu primeiro beijo
Autor: Antônio Barreto

Disciplina: Língua Portuguesa
Público alvo: 7º ano

Objetivos: Leitura e estudo do gênero, localizar informações explicitas e implícitas no texto, identificar elementos da narrativa e o conflito gerador da narrativa, Produção de narrativa e preenchimento de ficha organizativa.


Antes da leitura:

   Ativação de conhecimento de mundo
ü  Apresentação de imagens com beijo e diferentes manifestações de sentimento.
ü  O professor pergunta aos alunos qual o significado do beijo nas fotos.

     
 Inferências globais. 

   ü   Debate coletivo sobre a pergunta:
- O que significa o beijo?

Durante o texto:

 Localização de informações

 ü  Leitura do texto
 ü  Levantamento de vocabulário.
 ü  Dados sobre o autor.
 ü  Intertextualidade

  Estratégias

ü  Leitura compartilhada do texto
ü  Questões sobre os elementos da narrativa: Personagens, espaço, elementos, tempo e foco narrativo.
ü  Uso do dicionário.
ü  Pesquisar na Internet dados sobre o autor (usar o Acessa Escola)
ü  O professor trabalhará intertextualidade perguntando aos alunos o que eles conhecem sobre outras obras cujo tema seja o beijo; exemplos: músicas, filmes e poesias.
Sugestões de Música: Já sei namorar (Tribalistas); Beijo, beijinho, beijão (Novela Carrossel).
    ü  Preencher ficha organizativa contendo informações do texto, autor, espaço e tempo.



  Recursos utilizados.


    ü Xérox
    ü  Rádio
   ü  Lousa e giz
  ü  Internet
 ü  Fichas organizativas






Depois da leitura

      Produção oral

 ü  Os alunos deverão entrevistar os pais e familiares sobre a experiência do primeiro beijo.
 ü  Socialização sobre as entrevistas feitas com pais e familiares.
 ü  Discussão e apreciação do texto. Produção de texto.
 ü  Produção de texto coletivo. (Professor: escreva na lousa o texto, puxe ideias dos alunos, fazendo com que todos opinem e desenvolva o texto juntos, os alunos copiam o texto no caderno depois de pronto, faça com que eles desenvolvam uma análise crítica do texto depois de pronto e pergunte se querem mudar algo).
 ü  Indicar ao aluno a leitura da obra: Balada do Primeiro Amor.

 Avaliação

         ü Produção individual de texto.
 ü  Preenchimento da ficha organizativa.
 ü  Participação da Socialização de entrevistas feita com os familiares.
 ü  Ilustração do texto ou produção de histórias em quadrinhos usando linguagem verbal ou não verbal

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM




Por: Vladia Terezinha Ziviani

Texto: O Primeiro Beijo 

 OBJETIVOS: - 

TRABALHAR LEITURA E ESCRITA;

- LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL;

- INTERTEXTUALIDADE;

- LEITURA CONTEXTUALIZADA;

- INTERDISCIPLINARIDADE.

 PÚBLICO ALVO: ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO


ATIVIDADE DE LEITURA 

MEU PRIMEIRO BEIJO 
(ANTONIO BARRETO) 


É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com a Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...

Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:

“Você é a glicose do meu metabolismo.

Te amo muito!

“Paracelso”

E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher... E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.

No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:

- Um beijo pode deixar a gente exausta, sabia? - Fiz cara de desentendida.

Mas ele continuou:

- Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:

- A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânicas; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...

Aí a bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.

E de repente o ônibus já havia chegado ao ponto final e já tínhamos transposto juntos, o abismo do primeiro beijo.

Desci, cheguei a casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por várias semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltou, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram... e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!

BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6 

CONHECIMENTOS PRÉVIOS: 

QUAL LINGUAGEM ESTÁ SENDO UTILIZADA NESTA IMAGEM?

A QUAL GÊNERO PERTENCE?

VOCÊ CONHECE ESTA IMAGEM? LEMBRA ALGO?

OS PERSONAGENS SÃO CONHECIDOS?                               

INFERÊNCIAS LOCAIS: 

EM QUE SITUAÇÃO VOCÊ PODE TER UMA ATITUDE COMO ESSA, MOSTRADA NESSAS IMAGENS?  

O QUE É PROIBIDO, OU PERMITIDO? 

Quais os personagens envolvidos no texto lido Meu Primeiro Beijo?

No texto, há personagens secundários?

Pontue alguns traços psicológicos notados nos personagens.

Em que espaço se dá os acontecimentos?

O tempo da narrativa é  apresentado de forma cronológica ou não? A trama cobre um período longo ou curto de tempo?

- Peça sempre que os alunos justifiquem suas respostas. Quando for pertinente, solicite-lhes que destaquem trechos do texto que ilustrem as respostas dadas. 

SUGESTÕES DE ATIVIDADES 

1. O texto que você leu faz parte da obra Balada do primeiro amor, de Antonio Barreto. Nele, a protagonista é uma adolescente, Larissa, que no trecho lido conta um momento importante de sua vida. 

a) Que momento é esse?

b) Quando e onde aconteceu?

c) Com quem ela viveu essa experiência?

d) Qual o ponto de vista da narrativa: primeira ou terceira pessoa? Justifique com trechos do texto.

e) Qual o efeito causado por essa escolha do ponto de vista?

- Professor: na última pergunta, espera-se que o aluno perceba que, ao contar uma história em primeira pessoa, o autor consegue exprimir mais veracidade e mais emoção.

2. Releia o texto e procure pistas que o ajudem a responder as questões abaixo.

a) O que faz o menino ser chamado de “Cultura Inútil” e “Culta”? Justifique sua resposta.

b) Quanto tempo se passou entre o recebimento do bilhete e o primeiro beijo? Justifique.

3. Como você pode constatar, no primeiro parágrafo, a narradora muda de opinião a respeito da experiência do primeiro beijo.

a) Qual é o primeiro julgamento que ela faz? Retire do texto um trecho que ilustre sua resposta.

b) E o segundo julgamento? Ilustre também com um trecho do texto.

4. Aponte mudanças que ocorreram com a narradora-personagem em relação ao menino.

5. Que estratégia o menino usou para que a menina mudasse seu comportamento em relação a ele?

6. Releia “(...) tínhamos transposto, juntos, o abismo do primeiro beijo.”  A expressão em negrito contém uma figura de linguagem.

a) Que figura é essa?

b) A que se refere essa figura?

7. O que o trecho “(...) as contas do telefone aumentaram, depois diminuíram...” quer dizer?

8. Que opção melhor retrata o tratamento dado ao sentimento amor no texto?

a) O amor infinito, disposto a enfrentar qualquer barreira.

b) O amor como sentimento não correspondido, vivido e sofrido por apenas um ser.

c) O amor como descoberta feita por dois seres, que vão tirando lições das histórias vividas.

d) O amor idealizado, perfeito, fruto de uma paixão ardente que nunca se acaba.

9. No texto, não fica claro qual o desfecho da narrativa. A seu ver, como terminou essa história? 

(Dê tempo para que os alunos façam as atividades e depois corrijam esses exercícios  oralmente. Ouça as respostas dadas por eles e complete-as, caso necessário).

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Lembranças de outrora

                                                        Por Vládia Terezinha Ziviani

Sempre adorei ler e o escrever acabou contribuindo para o desenvolvimento do meu intelecto. Para mim, descobri que a leitura foi uma forma exemplar de aprendizagem e tive várias experiências positivas com a linguagem e leitura no ensino fundamental, pois li quase a coleção completa da série Vaga-Lume. Li da ''Borboleta Atíria'' e viajei pela ''Montanha Encantada ''. Descobri que podemos ser ajudados pelos livros, aumentando a capacidade crítica e só assim aprendi a fazer escolhas entre o mundo fantástico da leitura. Acredito que foi nos livros que aprendi a desvendar mistérios e queria devorá-los  para chegar ao final. "O Escaravelho do Diabo" e "As Minas de Ouro" foram livros que me fascinaram. Só depois dessa aventura que passei a conhecer o mundo também fantástico de Monteiro Lobato, a Emília podia tomar a pílula e desaparecer para viajar em diferentes lugares. Acho que sempre quis ser a Emília que , arrogante e pretensiosa, amava procurar viajar pelo reino encantado do fundo do mar.Se soubesse o quanto de valioso foi esse tempo de descobrir a leitura, teria lido mais.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Le nom
 Giz, girar, gincana...
Leveza, levada, leitura…
Casa, mesa, asas...
 O que há no meu nome que tem na escola?
No portão, o círculo, o movimento, a solidão...
Na rua, a desejada das gentes, a deusa, a protetora...
Era bonita como o sol, e seu nome me fazia lembrá-lo...

No primeiro dia na escola, a roupa de aniversário
A claridade cegando meus olhos cheios de lágrimas...
Por que me deixaram aqui?
Essas crianças são todas estranhas e falam errado...que crianças bobas!.

A lembrança do livro lido pela minha irmã
Será que devo dizer que já sei ler?
Por que há tantos meninos?
Acho que minha mãe foi má...

No silêncio das indagações, a observação, o sorriso
“Então temos aluna nova? Como é seu nome?”
A professora falou de um degrau
E eu, em minha pequenez, passei a existir:
Gileusa!
De giz, girar, gincana... MAGIA!!!
A opção por enfatizar meu nome justifica-se por uma das primeiras sensações que vivi na escola. Após sair de casa para ir à creche, na qual já era matriculada, as monitoras optaram por me levar também para a pré-escola, já que naquela época as duas coisas não funcionavam juntas. Então, pela manhã fui para a creche, lugar bastante hostil pra mim, pois eu sentia muita falta das minhas irmãs, e à tarde, as “tias” me levaram junto com a turma que ia pra escola, devido à minha idade.
Lembro-me que foi um processo bem assustador, pois eu achava que não deveria ir a nenhum lugar que minha mãe não soubesse. Mas como a cidade era muito pequena e todos se conheciam, elas optaram por me levar e depois pedir à minha mãe para regularizar a matrícula. Quanta angústia! Fui muito contrariada porque não era minha mãe quem estava me levando.
Já na escola, as crianças se aglomeravam para esperar a professora. Apesar da presença de algumas crianças que já conviviam comigo na creche, achei tudo muito estranho. Eles corriam, brincavam e pareciam mais infantis do que eu. Fazia muito sol e ficamos um tempo esperando a professora.
Quando ela chegou, ocorreu a primeira experiência escolar muito marcante: a identificação. A professora era muito bonita e sua presença era muito importante pra mim. Finalmente, me sentia protegida e segura novamente. Num lance de olhar, ela já notou minha presença no grupo. Para entrar na escola, havia um degrau e ela subiu nele, o que a tornou ainda maior. Ela comentou minha presença e perguntou meu nome, e eu respondi. Não me lembro de ter me identificado antes. Pela primeira vez eu defendia sozinha a minha existência e significado no mundo. A pronúncia do meu nome ressoa até hoje, como se fosse minha própria independência. Naquele momento, comecei a construir minha identidade de aluna e meu lugar no coração das pessoas, o que sempre foi muito importante pra mim.
Nesse  instante, todo meu entusiasmo pela leitura aflorou em mim, assim como muitos das personalidades que deram seus depoimentos, costumo fazer até hoje a leitura de tudo que há pela frente, chego a parar na rua para ler frases em muros. Encantei-me com o relato de Marilena Chauí que afirma que o livro abre portas para um mundo novo, foi exatamente o que aconteceu comigo na infância, morava no interior do Estado de São Paulo e logo muito cedo fui introduzida no mundo da leitura que despertou em mim um novo olhar e uma nova maneira de pensar, com “Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias” de Ruth Rocha, percebi que poderia criar palavras novas e compreender o sentido da amizade com “A Turma do Pererê” de Ziraldo, mas depois essa euforia por ler ficou um pouco adormecida porque fui crescendo e a necessidade de trabalhar começou a pesar, s trabalhava na roça e estudava a noite. Já na ensino médio, fui novamente levada por uma amiga a conhecer e amar “Feliz ano velho” de Marcelo Rubens Paiva e “O mundo de Sofia” de Jostein Gaarder, que  desencadeou novamente a mesma paixão pela leitura, e pretendo não mais  me distanciar. 
                                                                GILEUSA CARPANEZI